A intrigante e ainda inexplicável forma quadrada de uma nebulosa (nuvem de matéria interestelar) recém-descoberta.

por Delano Mothé.

Mas prossigamos com os assombros inesgotáveis da Obra Magnânima, que Se revela Divina por Si Mesma, e de que somos singelíssima partícula! No nível indevassável da realidade subparticular, em que se debatem os filósofos-cientistas da Física Quântica, à procura de balizas muito nebulosas ainda, verificam-se quebras radicais de paradigmas que, até então, se julgavam inquestionáveis, tais como: um mesmo objeto quântico pode estar em dois ou mais lugares, ao mesmo tempo(!), assim como pode deixar de existir aqui e se materializar noutra localização, sem, para tanto, percorrer a distância que separa os dois pontos espaciais em questão – o famigerado “salto quântico”. Pausemos, para reflexões mais prolongadas quanto ao princípio da não localidade!…

Em que pesem tais conjecturas um tanto abstratas para o senso geral, típicas nesta área de estudos deveras espinhosa e ainda principiante – e restringimo-nos tão somente a algumas premissas gerais que nos embasem os propósitos aqui almejados –, passemos a outra propriedade fantástica(!) da “matéria”, descortinada igualmente pela física de subpartículas: a da interconectividade ou, tecnicamente falando, “entrelaçamento quântico”, segundo a qual dois objetos considerados (um par de elétrons criados juntos, por exemplo) podem estar de tal forma “emaranhados quanticamente”, que há entre eles como se fosse uma ligação de unidade absoluta, de modo que um impulso provocado numa partícula é imediatamente – isso mesmo: ins-tan-ta-nea-men-te(!) – repercutido na outra sua partícula-irmã correlata, independentemente da distância que as separe, mesmo as mensuráveis por anos-luz no espaço sideral. Isto é: ainda que os dois elétrons interconectados estejam absurdamente distanciados no espaço (digamos, em regiões opostas do universo), o estímulo que um recebe é simultaneamente(!) “sentido” pelo outro, como se compusessem uma unidade quântica – não se trata de uma “reação” ao estímulo que o primeiro elétron recebeu; o segundo sofreu o mesmo estímulo, a que ambos respondem concomitantemente, inobstante os milhares de anos-luz que os separam. Ponderemos ainda mais detidamente, amigos!… E estamos falando, é bom reiterar frisando, de experimentos absolutamente científicos.

Incontinente, somos levados a lembrar que o universo, conforme teoria dos próprios cientistas da Terra, surgiu num mesmo instante, com o consagrado “Big Bang”: poderíamos, pois, entender, reforçando nossas especulações um tanto espirituais acima, que toda a Criação se encontra interconectada em nível quântico, visto que tudo surgiu de uma grande explosão inicial. Ante tais indícios desvelados pela própria Ciência terrena – e aqui pedimos vênia aos cérebros que eventualmente encontrem maior dificuldade em compreender a natural e progressiva convergência entre Espiritualidade e Ciência –, não há como nos evadirmos de uma reportação direta à profunda (e ainda tida à conta de metafórica ou fantasiosa demais) proposição do Mestre dos Mestres, Nosso Senhor Jesus, a Voz da Sabedoria Perene: “Que todos sejam Um”, a nos insuflar a ideia de que já estamos unidos, numa grande família planetária (e universal), para que sejam derruídas de vez as bases falsas da noção ilusória e diabólica (do grego “diábolos”: o que desune) de separatismo entre os seres.

Dirigindo o olhar, por outro lado, ao extremo oposto de lucubrações da Física no orbe, que busca lançar a luz do entendimento para além das galáxias e todos os fenômenos macrocósmicos, deparar-nos-emos, da mesma sorte, como em qualquer Canto da Natureza, com o Assombroso: um Concerto de forças e vetores mastodônticos, a compor tecidos estelares de rara e indecifrável beleza neste universo sem-bordas de Deus, evidenciando, por todos os ângulos de observação, equilíbrio dinâmico e vida em ebulição, como expressão gloriosa da Inteligência Onisciente do Criador, a Consciência Supraordenadora, que tudo conduz à transcendência, em todos os quadrantes e sentidos existenciais.

Apenas considerando este tão discreto espectro das Infinitas e Inabordáveis Maravilhas da Criação, que, mui precariamente, acabamos de apresentar, como reduzidíssima amostra das Grandezas Imensuráveis do Universo – limitamo-nos, neste particular, tão só a um âmbito do conhecimento humano: a Física Quântica, basicamente –, ser-nos-ia dispensável argumentar algo mais de molde a explicitar a estultícia redonda, ululante, sacrílega, do materialismo-ateísmo que, lamentavelmente, pervaga na cultura hodierna, sobremodo entre os que se apegam à aparência das coisas, enceguecidos para os fundamentos de todos os seres: o Princípio Inteligente, a Consciência, o Espírito – como queiramos chamar –, ainda que em potencial ou em seus rudimentos, qual se apresenta nos reinos mineral, vegetal e animal (pré-hominal).

A “matéria” existe como epifenômeno (fenômeno secundário) da Consciência, jamais o contrário – tudo é produto de ideação do ser pensante, fruto de sua atividade emocional-psíquico-espiritual, em diversos níveis de manifestação. A roda surgiu antes como uma ideia na mente de seu inventor, para só depois tomar a forma física e função no mundo. As aves migratórias repetem seus itinerários periódicos à perfeição, seguindo sua inteligência elementar, ou instinto. O próprio átomo se mantém coeso e cumpridor de seu papel no universo microcósmico, com a perfeita dinâmica de suas partículas componentes, graças à centelha inteligente em gérmen, ínsita em sua sistemática axial.

A Consciência ou Espírito é o agente unificador e modelador da “matéria”. E isso é um truísmo (ainda que intuitivo) para todas as inteligências ao menos medianamente desenvolvidas em suas aspirações espirituais: as já capazes de perceber, nas pequenas como nas grandes coisas, a presença do Incognoscível. Efeitos inteligentes, consoante nos preconizou o ínclito pensador-benemérito Allan Kardec, em seu didatismo, discernimento, lógica e lucidez ímpares, decorrem de uma causa inteligente. “Acaso”, “forças aleatórias, intrínsecas à matéria”, “imperativos genéticos de autoperpetuação da espécie”, entre outras concepções forçadas e insuficientes a abarcar a vastidão dos fenômenos inteligentes e prenhes de significado e propósito, relacionados à existência e atuação do Espírito, apenas revelam a sanha suicida e assassina dos que tentam em vão negar a realidade espiritual, por meio de codinomes blasfemos e desatinadamente reducionistas do Ser Sempiterno, como também lhes patenteiam o baixo grau de maturidade intelecto-moral conjugado ao intuito malsão de encaixotar as Excelsitudes da Criação em seu cérebro de criatura humana, partícula insignificante num Universo de Conglomerados Galácticos sem-fim, em todos os sentidos, regido pela Consciência Divina, a prover e sustentar a Totalidade Harmonia do Cosmos.

Afirmativas infelizes e apriorísticas de negação da preexistência do Espírito aos efeitos materiais, tais quais: “só acredito no que vejo ou toco”, “essas coisas não existem”, “tudo acaba com a morte do corpo”, representam um atestado expresso de ignorância crassa de quantos se prestam a veiculá-las, levianamente – e faremos, mais adiante, a indicação de meios de estudo, ampliação e aprofundamento do que aqui defendemos, através de diversos segmentos da ação e do conhecimento humanos relativos à temática.

Segundo as descobertas da própria Ciência do plano físico de vida, o que entendemos como matéria constitui, em essência, uma forma de energia condensada, que, num nível mais profundo de compreensão, é intangível e invisível, ou seja: não pode ser “tocada”, muito menos “vista”. O que supomos ser toque ou contato entre dois corpos considerados consiste, em verdade, tão somente em uma aproximação entre os elétrons de sua superfície, que, por portarem cargas elétricas idênticas, se repelem mutuamente, jamais se atingindo de fato – caso contrário, teríamos explosões atômicas a cada passo. E o que percebemos como imagem das coisas não passa da forma como nossos órgãos da visão captam o resultado da reflexão da luz (tanto que nada vemos à escuridão) sobre as superaglomerações de átomos que as compõem – os quais, reprisamos a ideia (já expendida acima) um tanto difícil de assimilar, são praticamente “vazios”, se avaliados em sua estrutura “material”: 99,97% de sua massa se encerra no núcleo atômico, que, por sua vez, pasmemos(!), é 10.000 a 100.000 vezes menor que a eletrosfera que o circunda e lhe confere “volume”. Permitamo-nos o desafio cognitivo e o deleite espiritual perante a Assinatura Divina em toda parte!…

Ainda dentro desta última linha de raciocínios e atendo-nos a fenômenos mais objetivos para os sentidos humanos, lançaríamos a pergunta: alguém consegue tocar e ver o magnetismo, a força da gravidade, a eletricidade?… E indagaríamos também, adentrando campos mais subjetivos, mas igualmente seguros, “realíssimos”: há quem possa ver ou tocar a economia, a amizade, o amor pelos filhos?… A despeito dos relativismos exacerbados de todas as ordens, como um efeito colateral negativo das abstrações cada vez mais amplas, profundas e complexas de nossa Era, ninguém questiona a realidade do sistema econômico, com valores financeiros circulando virtualmente em todas as direções; ou o senso de lealdade a um amigo do coração; ou o sentimento sublime que nos liga a um ente amado, em benefício de quem seríamos mesmo capazes de arriscar a própria vida, sem pestanejar. (1)

(Texto redigido neste primeiro semestre de 2011.)

(1) Este ensaio, embora aqui seja publicado em fascículos (em vista de sua extensão), foi originalmente concebido inteiriço, razão por que também esta segunda parte se encerra em tom suspensivo e não conclusivo. Em breve, traremos a lume sua continuação.